Mais um pedacinho de história sacado sem permissão do You Tube. A data: tarde de 2 de Junho de 1988, 37ª e penúltima jornada da 1ª aventura de 20 clubes na Ia Liga. O local: Estádio Engº Vidal Pinheiro, santuário mítico do futebol europeu infelizmente desaparecido. O árbitro: Ezequiel Feijão, um nome bem “à árbitro”. As equipas: o Sport Comércio e Salgueiros, ainda sem patrocínio Ferbar, nem equipamento Hummel ou Adidas, nem tão pouco um ex-jugoslavo para amostra, alinhou com: El-Rei D. Madureira I; Carlos Brito (sim, esse mesmo), El-Rei D. Madureira II, Álvaro Maciel (histórico), Moreira (depois José Manuel) e Ferreirinha; Oliveira (brasileiro), José Luís (já teve direito a cromo e foi substituído neste jogo por Luís Filipe) e João (passaria tempos felizes em Felgueiras); Sr. Santos Cardoso e Jorginho. O Sporting Clube de Portugal jogou com: Damas; João Luís, Duílio (ainda com bigode), Morato e Mário Jorge; Virgílio (outro bigode; depois Litos), Oceano (talvez tivesse bigode) e Vítor Santos; Silvinho, Paulinho Cascavel (depois rendido por esse pré-Wolfswinkel de nome Peter Houtman) e Mr. Tony Sealy.
O resultado: 2-4. O Salgueiros desceria de divisão para voltar dois anos depois. O Sporting ficaria pelo 4º lugar, ultrapassado pelo Belenenses, naquele que seria o último pódio dos azuis de Belém. E porquê este resumo figurar aqui neste blogue? Pois bem, poderia ser pelo curioso de ver um jogo à tarde, num estádio bem composto, sem cadeiras e com peão; por ver o Salgueiros a disputar futebol de primeira; por ver o povo de Paranhos abespinhado contra a decisão do juiz da partida, sacudindo as precárias vedações de forma intimidatória para sublinhar a sua contestação; por ver um golo de Tony Sealy ou por vislumbrar de relance o estilo europop de Peter Houtman. Mas não foi por isso.
É que foi aqui, em Vidal Pinheiro e neste preciso jogo, que uma lenda do futebol luso do final dos anos 80 se deu a conhecer ao público: saboreiem, caros telespectadores leitores, o tempo que medeia entre 1:00 e 1:09 deste vídeo – são os breves, mas intensos, 10 segundos de HANS VIMMO ESKILSSON a debutar para os aficionados de Portugal! A antecipação foi tal que Eskilsson não pôde esperar pelo final da época e foi mesmo ali, ao intervalo de um jogo em casa alheia, que Eskilsson subiu ao relvado pela primeira vez. Acompanhado por essa grande influência de Vale e Azevedo que foi Jorge Gonçalves (do qual o arisco benfiquista apenas não absorveu a teoria do farto bigode) e de um carismático leão de peluche, Eskilsson escreveu aqui, provavelmente, a página mais dourada de toda a sua permanência em Portugal – sim, porque aqui foram só aplausos e expectativas, entre comentários do género "com aquele tamanho todo, só pode ser bom", "da Suécia só vem material de qualidade", "o glam-metal está para durar, meus caros amigos! Hanoi Rocks!" e "tomara que ele marque tantos golos como o Joey Tempest polvilha maquilhagem cor-de-rosa nas trombas"; depois, com a bola a rolar e a "final countdown" a escorrer rapidamente, nada mais seria igual.
Com este vídeo, sentimo-nos todos um pouco como José Hermano Saraiva: podemos dizer, “foi aqui, precisamente aqui, que nasceu uma estrela da qual 25 anos depois ainda se falava por essas bancadas frias de Portugal de lés-a-lés: seu nome era Hans Vimmo Eskilsson. E o povo, o grande e sábio povo português, sabe reconhecer uma grande estrela quando lhe aparece uma pela frente.”
6 comentários:
É pá! Grande Salgueiral!!
Nunca mais chegam à 1ª outra vez!!
E já agora tragam o meu Chaves agarrado!!
Ainda bem que vocês existem para nos recordar este Feijão!!!
acho que a relação entre "árbitros" e "nomes inacreditavelmente maus" nunca foi paricularmente bem explorada.
Tipos como Ezequiel Feijão, Alder Dante ou Olegário Benquerença nem sequer fazem sentido no mundo real.
No mínimo há relação directa entre bullying-pré-adolescente e arbitragem-pós-adolencência.
Veiga Trigo? Rosa Santos?
Há árbitros que têm mesmo nome de ministro ou de agente da PIDE...
Ser apresentado como reforço aos adeptos no intervalo de um jogo na condição de forasteiro é algo só mesmo ao alcance de muito poucos.
Grande momento do Oliveira aos 1:12, enchendo o pé e rematando fortíssimo à meia volta para a baliza desprovida de guarda-redes. Não foi golo por mero acaso. Ou por azelhice, não sei.
É verdade, o Vimmo não foi apresentado aos adeptos do Sporting, foi apresentado a Portugal.
"Povo, ELE chegou."
"...e traz um peluche na mão"
Eu vi este jogo ao vivo!
Eu vi Eskilsson!
O meu tio estava a abanar a vedacao e a cuspir ao fiscal de linha!
....e aquele de bigode e oculos com camisa azul
Ah Saudade!
Vidal Pinheiro
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